Tradução: Nós, a guerrilha F5

16 de junho de 2013

por Labic


larevolucion

Post original: “Nosotras, la guerrilla F5”, por Bernardo Gutierrez

Tradução: Lorena Regattieri

Este texto é um remix de “O manifesto atropofágico” (Oswald de Andrade, 1928), Guerrilha (TE Lawrence, 1929), “Tratado de Nomadologia” (Gilles Deleuze, Félix Guattari, 1980), “O Manifesto ciborgue” (Donna Haraway, 1985) e “Ao longo dos rios da Babilonia” (Wu Ming 4, 2004) * (ver explicação no final do texto).

Os exércitos são como plantas, imóveis como um todo, enraizados, alimentados através de ramos longos que atingem a cabeça. Nós somos como um vapor transportado pelo vento. Os afetos atravessam nossos corpos como flechas. Nossos corpos são mapas de poder e identidade. E os efeitos são armas contra todos os importadores de consciência enlatada.

A batalha não é física, mas moral e, portanto, as batalhas são um erro. Somos uma influência, algo invulnerável, intangível, sem frente ou retaguarda, nos movemos como gás. Nunca soubemos o que era a fronteira urbana, suburbana e continental. Então, lutamos para convencer, não para vencer. Pela diversidade, não a identidade. Para transformar antes de qualquer coisa no espaço renovado pelo vento. O inimigo é apenas uma contingência da luta, não o nosso objetivo.

A vitória não consiste necessariamente em ganhar no ponto onde o inimigo parece inatacável, mas sim para mudar o mapa inteiro e assim torná-lo um ponto de importância secundária. Mover a ação para outro lugar e deixar o inimigo para defender entrincheirado em um lugar que se tornou inutilizável. A defesa de uma praça já se perdeu. A desordem máxima é o nosso equilíbrio. A mobilidade conta mais que a força. A bestialidade atingiu uma nova posição neste ciclo de mudanças de parceiros.

Nossa arma é como o vento: ao mesmo tempo o ar que todos respiramos e o gás venenoso que fazemos respirar o inimigo. Nossa arma é a capacidade de transformar cada indivíduo em um parceiro e amigo. Porque os nossos reinos estão vivos na imaginação de cada um. E o vento não se conserva, apenas continua soprando, corroendo e movendo formas sólidas, enquanto desvia.

Somos quimeras, híbridas, teorizadas e fábricadas de máquina e organismo. A máquina somos nós e nossos processos. Por isso a nossa estratégia é a construção de novas pistas, novos mapas do espaço deserto para habitar.  Onde o soldado comum vê apenas deserto, vemos uma rede articulada de trilhos e linhas que se move: um espaço para preencher, que coincide com o seu mundo e, ao mesmo tempo, o supera.

* Eu não usei nenhuma palavra que não aparece nos textos anteriores. Simplesmente me limitei a remixar, encaixar e ajustar frases inteiras. Apenas acrescentei vírgulas e letras maiúsculas para o estilo ‘e’ no início de uma frase. Adaptei as formas verbais da primeira pessoa do plural. Use o sexo feminino, assim como o movimento 15M. F5 é a tecla que ativa a atualização de tela em muitos sistemas de computadores e de software. Nós, os guerrilheiros F5 – Um palimpsesto uma fonte digital – pode ser reescrito, remixado e rasgado por qualquer pessoa. Alterando a imagem que abre o texto, o significado será diferente. O resultado será imprevisível.

 

Bernardo Gutierrez

Bernardo Gutierrez (@bernardosampa) é jornalista, escritor e consultor digital. Pesquisa o mundo P2P e as novas realidades da cultura open source. Fundador da rede de inovação Futura Media.net.

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