Twitter deveria cuidar da qualidade da experiência de seus usuários

28 de maio de 2012

por Labic


Dentre todas as redes sociais, a que mais me chama a atenção é o Twitter, apesar de que, para muitos ele está em decadência, porque está perdendo usuários para o Facebook, por exemplo. Outro dia postei que prefiro o Twitter ao Facebook e vieram me perguntar por que. Pensei, pensei e formulei uma resposta que me pareceu a mais provável naquele momento: ele é mais desafiador em termos de interação. Para conseguir a atenção ali tem que se rebolar muito mais, afinal são apenas 140 caracteres e somente letras e links.

E depois disso, esse questionamento não me saiu mais da cabeça. Por que eu gosto mais do Twitter do que do Facebook? Foi quando me deparei com o post de Jose Luiz Orihuela, em seu Ecuaderno que traduzo aqui para tentar esclarecer um pouco mais essa questão para mim e pra você:

(Entrevista de David Varona a Orihuela, para a RTVE.es).

Por que você escolhe o Twitter na hora de comunicar-se? Você também se comunica em outras redes sociais?

Quando escolho o Twitter faço porque é rápido, fácil, global e móvel. Para textos que requerem um desenvolvimento maior utilizo blogs e para compartilhar fotos uso o Flickr, Posterous e Instagram.

O que o Twitter o proporciona a nível pessoal e profissional para você dedicar a ele tanta atenção?

No Twitter o usuário tem a capacidade, mediante as ações de seguir (following) e a elaboração de listas, de moldar de maneira personalizada as fontes de sua dieta informativa. Se alguém segue as pessoas certas, em cada campo, âmbito temático ou especialidade, tem um tesouro de sistema de filtragem pessoal distribuído que é o melhor remédio ante a “infoxicação”.

Por que motivo as pessoas seguem você ou sua marca no Twitter? O que você acredita que elas esperam principalmente de sua presença na rede?

Uma parte dos usuários me segue porque acabam de se inscrever na plataforma e o Twitter as sugere a minha conta. Outra parte são pessoas que me seguem porque me conheceram pessoalmente em cursos ou conferências ou indiretamente através de minhas publicações. O seguimento para o qual eu escrevo se compõe fundamentalmente por estudantes, professores e profissionais da comunicação da Espanha e da América Latina  e procuro compartilhar com eles o mesmo que levo 10 anos compartilhando no eCuaderno, só que agora de modo mais breve: “Dicas, notícias e links sobre a mídia e a rede”.

Quando você pensa no Twitter, pensa mais em uma rede social para relacionar-se com as pessoas ou mais como uma plataforma onde você se informa e difunde informação?

O Twitter é uma rede social assimétrica e ao mesmo tempo uma plataforma pública para o acesso e a difusão de conteúdos.

Às vezes, as autoridades, a administração, os políticos e inclusive empresas, parecem reagir demais ante uma hashtag agressiva ou o Trending Topics. Por que isso acontece?

O Trending Topic está claramente superestimado, não deixa de ser uma irrupção social, tal como ele é medido até agora.

Casos como o de Kony2012 mostram a capacidade do Twitter para mobilizar as pessoas e para pressionar os meios de comunicação. Por que você pensa que os meios de comunicação buscam tanta informação no Twitter?

Para os meios de comunicação o Twitter representa um sistema de alerta que os permite detectar tendências, notícias se desdobrando e, em geral, o pulso da sociedade digital acerca de qualquer tema. É uma ferramenta muito poderosa, como um estudo de marketing permanente, mas sua indubitável utilidade não deveria anular nem substituir o julgamento jornalístico sobre o que tradicionalmente tem sido os valores-notícias, os critérios profissionais em função dos quais decidimos o que é relevante para a audiência a qual servimos.

As Hashtags e os Trending Topics nos ajudam a filtrar a conversação global. Qual é o resultado mais chamativo ou chocante?

Eu não costumo prestar atenção nos Trending Topics, exceto no caso de notícias de grande alcance ou catástrofes. As etiquetas, quando são utilizadas com critério (eventos, processos eleitorais, campanhas, acidentes, catástrofes, etc.) ajudam a monitorar a conversação global e a encontrar fontes relevantes.

Muitos tuiteiros consideram que o Twitter vicia. Você concorda? O que ele tem que o torna viciante?

Quem se dedica profissionalmente a publicar conteúdos (em qualquer meio) tem um interesse natural em conhecer as repercussões de seu trabalho. O Twitter tem acelerado e democratizado os mecanismos de feedback e dado lugar a usuários que desenvolvem uma dependência quase patológica da gratificação advinda do reconhecimento dos demais.

O Twitter é um espaço das surpresas e dos casos curiosos. Você já teve alguma experiência surpreendente utilizando o Twitter?

Já contei no eCuaderno alguns casos de organizações atentas à conversação por ocasião de uma viagem a Amsterdam, e faz alguns anos que tive a oportunidade de tuitar um dos atentados terroristas que a Universidade de Navarra sofreu.

Que mudanças você faria para melhorar o Twitter como ele é hoje?

O Twitter está demorando muito para oferecer contas premium a usuários que precisam de mais serviços da plataforma (incluindo mecanismo de busca interno à própria conta e acesso ao histórico, além de estatísticas completas). O Twitter deveria cuidar da qualidade da experiência de seus usuários evitando a publicidade invasiva na timeline e deveria melhorar o algoritmo de detecção de Trending Topics para que não só escolha conversações emergentes, mas também as dominantes ao longo do tempo.

O que você perguntaria ao próximo tuiteiro que vamos entrevistar? Deixe sua “tuitpergunta”!

O que você achou do livro Mundo Twitter?

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